A enseada tá luzindo é Rio de Janeiro A espingarda tá tinindo porque é Fevereiro O ar ferve com o cheiro de merda e tempero O balaio da escrava, o pregão de aluá Tem inglês que mete a fuça na água de cheiro Cada preto é um desespero de atazanar A cidade compra-e-vende, parece um vespeiro Cada um espera a hora de aferruar Muito padre-da igreja não sai do puteiro Mas perdão tá sempre à venda, se puder pagá Tem refresco de deixar um branco meio grogue Feito gringo quando troca as pernas pelo fole O Limão-de-cheiro estoura mas tem mijo nele Feito chefe bigodudo sem citar aquele Tem ladrão que rouba e foge nem se sabe quem Vem a guarda e aproveita pra roubar também Tem mascate, pregoeiro, vendedor de tudo Tem batuque, brincadeira, no calor do entrudo O caju saboroso que tem cheiro bom de mar Ostra, quem vai quere? Doce é o abacaxi, espinho de muito amor Renda branca e dende Compra o pó perfumado Eu vendo por dois vintém Um colar pra sunce Banha bôa, cheirosa e flor pra iaíá também Patuá pra esquece