Eu queria estar em frentas ao março Sem ter um tubarão pra me devorar Morder minha perna, levar minha mão Que outro dia estendi pra ajudar um cidadão... Que cometeu uma falta, um quase nada Roubou um pão, levou porrada Tava com fome, o que fazer? Quem tem fome tem pressa, não tem tempo de entender Porque era pobre mesmo, maloqueiro sem futuro Branco, negro, ou coisa assim E espera tudo deles e não vem nada, nego E fica assim... A porrada doeu, deve ter doído Mais ainda lá na alma, no orgulho ferido A vergonha que passou na frente dos passantes E a certeza de que a vida não é mais como era antes Cidadania, "o que que é isso"? É brigar pelo que é seu, deixar de ser omisso É dar vas mãos pra poder se ajudar Não ficar aí parado, vendo o outro apanhar Porque era pobre mesmo, maloqueiro sem futuro Branco, negro, ou coisa assim E espera tudo deles e não vem nada, nego E tá sem nada mesmo, e fica assim... Porque eu sou pobre mesmo, maloqueiro sem futuro Branco, negro, ou coisa assim E espero tudo deles e não vem nada, nego E eu tô sem nada mesmo, e eu fico assim...