Ainda com orvalho, o escravo, a cana se veio a roçar E moer a touceira rastada no braço, pois assim se fez Com o azedo que escuma, escorrendo no rosto o suor vem nascer Lança ao morro à senzala, um passado sangrado, um quilombo ascendeu O caldo da cachaça é garapa É cultura, a força da cachaça É da cana, o caldo é garapa Pingo forte que pinga é cachaça O caldo da cachaça é garapa É cultura, a força da cachaça É da cana, o caldo é garapa Pingo forte que pinga é cachaça Mói o dente, mói a cana, mói a raiva, apurar no caldo a ferver Coletivo é força, caminhar só não dá, arapuca cercou No seu berço de sangue, cultura retalhada assim se criou E no passo marcado, cantado de dor na corrente a chiar Na aguardente, o suor e a semente bagaceira se viu Das gotas destiladas, cabeça amoitar fez assim a ferver Com um passo rasteiro pro quilombo guerreiro num esquivo subiu Nem mais cria do nosso a canção da corrente vem mais entoar O caldo da cachaça é garapa É cultura, a força da cachaça É da cana, o caldo é garapa Pingo forte que pinga é cachaça O caldo da cachaça é garapa E cultura, a força da cachaça E da cana, o caldo é garapa Pingo forte que pinga é cachaça Com as costas calejadas cabeças bradadas, para cima rumou E acima, no alto se fez a muralha, dentre os grupos se viu O espírito valente, embriaga os sentidos da árvore do esquecer E passado é vivido no baque conduzido, dando cria a morrer