Eu vou fazer um pedido pra um dia quando eu morrer Pra morar no campo santo, lá não magoa e nem dor As minhas pilchas gaúchas, nas quais tenho tanto amor Não é pra dar nem vender, porque não vão dar valor Amigos quero que entendam Que não é historia de lenda, nem conto de historiador. Bota, bombacha e guaiaca, o chapéu, lenço e o pala As minhas pilchas gaúchas foram meus trajes de gala; Se eu não fizer um museu guardem num canto da sala São coisa que pertenceu a um velho peão que se cala Trinta e oito, cheira e faca Bomba de ouro e alpaca e a cuia dentro da mala. Quando eu morrer sei que volto ser terra no cemitério Minha ir pra o céu, tudo isso é um mistério Lá talvez seja mais peão pra o patrão buenacho e serio Pra entrar no paraíso eu não sei qual é o critério Minha intenção vem de berço Quero trova em vez de terço pra alma deste gaudério. Esse pedido que eu fiz a família compreendeu Que depois que eu morrer atenda o pedido meu; Mostre minhas pilchas pros netos do vovô que já morreu E a chinoca companheira que pra mim sempre viveu Do rancho foi a rainha Se ela se sentir sozinha arranje um mais taura que eu.