Monica Salmaso

Esconjuro

Monica Salmaso


A  zonza da cigarra  no  ôco  do  cajueiro  e  rê
Bótum  bemol  na  clave  do  verão
Quem  diz  uma  palavra  com  sentido  verdadeiro  e  rê
Que  traga um  som  paisagem  prá  canção

Falei  alarido  palavra  de  vidro
Quebrada na voz  ô  ô
Palavra  raiada  mais  estilhaçada
Que  o  caso  entre  nós

O  amor  quando  jura  a  gente  esconjura
Pois  não  vai  render  ô  ô
Já  fiz  uma  figa  talvez  eu  consiga
Parar  de  sofrer  parar  de  sofrer

Diabo  de  vigário  urubú  no  campanário
Só  fala  de  pecado  no  sermão
Quem  diz  uma  palavra  com  sentido  de  mistério  e  rê
Que  ponha  um  sortilégio  na  canção

Falei  prostituta  palavra  de  fruta
Manchando  lençóis  ô  ô
Palavra  encarnada  e  mais  machucada
Que  o  caso  entre  nós

O  amor  quando  jura  a  gente  esconjura
Pois  não  vai  render  ô  ô
Um  galho  de  arruda  madrinha  me  ajuda  a
Parar  de  sofrer  parar  de  sofrer  ô  ô  ô

Ternura  e  pirraça   desgraça  e  ventura
A  gente  costura  dois  a  dois
É  feito  esse  riso  que  escorre  em  meu  choro
Gozando  depois  ô  ô

Cabloca  sem  vestido  no  chicote  do  marido  e  rê
Moída  de  pancada  sem  razão
Quem  diz  uma  palavra  de  sentido  milagreiro  e  rê
Que  mude  essa injustiça  na  canção

Falei  liberdade  palavra  de  muitos
Que  se  aprende  a  sós  ô  ô
Que  custa  tão  caro  que  eu  nem  comparo
Ao  caso  entre  nós

O  amor  quando  jura  a  gente  esconjura
Pois  não  vai  render  ô  ô
Um  pé  de  coelho prá  mim  bom  censelho
É  parar  de  sofrer  parar  de  sofrer

O  corpo  da  princesa  na  raiz  da  mandioca  e  rê
Coloca  realeza  rente  ao  chão
A  moda  sertaneja  na  viola  carioca  e  rê
Traz  o  brasil  de  volta  prá  canção
Traz  o  brasil  de  volta  prá  canção
Traz  o  brasil  de  volta  prá  canção