Peço licença a todos os santos e entrego minhas guias como oferta e prelúdio de minha vida Vamos abrir gentilmente a nossa gira para receber com flores e muitos lírios Mamãe Oxum e mamãe Iemanjá Êê / Nanã Vamos abrir gentilmente a nossa gira, para que Xangô venha nos abençoar Oxalá, obatalá, Obaluaê Iansã, mãe dos ventos / Ogum Vamos abrir gentilmente a nossa gira para que os marinheiros Nos tragam enrolados em suas redes poetas-peixes e suas metonímias Cavalos marinhos e rodamoinhos Vamos abrir gentilmente a nossa gira para que os ciganos nos tragam pepitas de ouro Para que os pretos-velhos abram os nossos olhos com a fumaça de seus cachimbos Vamos abrir gentilmente a nossa gira Para que a voz dos povos se manifeste como a melodia dos botos aos ouvidos moucos Vamos abrir gentilmente a nossa gira Para todos os amores e todos os mares Vamos abrir gentilmente a nossa gira Para que a vida nunca nos desampare Lá vem Manuel Bandeira trazendo os cordéis Lá vem Jorge de Lima com seus livros e papéis Oscar Wilde, Fernando Pessoa, Caymmi, Bob Dylan Bob Marley numa boa Sartre de banda / Sartre de banda Sartre de banda / Sartre de banda Manoel de Barros, Mario Quintana Na festa da burrinha, a mãe d'água é Madonna Gilka Machado, Cecília Meireles, Mônica Montone e seu casaco de peles. Não vem com essa conversa, poeta atrevido Casaco de peles é coisa de bandido Sartre de banda, Sartre de banda Mário de Andrade, Oswald de Andrade Eugénio de Andrade, Drummond de Andrade Florisvaldo Matos, Gregório de Matos, Glauco Matoso, Caetano Veloso Meu caro Lêdo Ivo, meu bom César Leal, A dor de todo homem é não ser natural Galinho de Quintino, Didi e Mané Ronaldo, Ronaldinho, Romário e Pelé Sartre de banda, Sartre de banda Vamos fechar a nossa gira E agradecer gentilmente a todos os santos e guias por sua proteção Vamos fechar a nossa gira E agradecer gentilmente A todos os poetas por sua poesia