Não sou mulher de minutos Daquelas que os segundos varrem Pra debaixo do tapete sujo Não pinto os cabelos de fogo Nem faço tatuagem no umbigo Me recuso a usar corpetes e cinta-liga Há sementes em meu ventre São palavras que ainda não reguei Prefiro guardá-las em silêncio Até que o tempo Amadureça meus minutos E a vida me contemple Com seus frutos Não borro meus cílios com a solidão da noite Nem pinto meu rosto na palidez das manhãs Meu corpo é feito de marés Onde navegam mil anseios São veleiros sem direção Estou sempre na contra-mão