Lá no meu lindo sertão Existe tanta beleza Como é rica a natureza Dá gosto a gente olhar Hoje pego o violão E canto uma canção Que fala tudo de bom Das coisas do meu lugar Começo pelo ranchinho O lugar onde nasci Cercado de pau a pique Coberto de bacuri Me lembro aquela rocinha A beira do ribeirão Onde eu e meu pai Plantava o arroz e o feijão Ali tinhamos de tudo Sem depender da cidade Dava duro no trabalho Mas havia felicidade Da cana fazia o açucar Da mandioca a farinha Do milho fazia o fubá Sem falar na canjiquinha Socava o arroz no monjolo Criava gado também Dos churrascos e nas festas Bebia pinga de engenho Recordo e tenho saudade Daquele tempo que foi Meu pai de cabelos brancos Tocando o carro de boi E nas manhãs de domingo Aumentava a alegria Tratava das criações E logo se reunia Pegava traia e matula A família dividia Um pouco ia pra caça E o resto pra pescaria Meu Deus que vidinha boa Jamais posso esquecer Vivendo coisas tão belas Enchendo a alma de prazer O cantar da siriema Codorninha e da verniz Agradecendo ao pai mestre Por mais um dia feliz Hoje eu moro em cidade Tenho fama e dinheiro Mas nada disso me vale Pois sou como prisioneiro Não vejo sequer uma roça Não sinto na pele o sol Não pego na espingarda Perdi a vara de anzol Da mordomia que vivo Só tenho luxo e vaidade Mas pra mim não é o bastante Pois falta felicidade A fantasia que vivo É a causa do meu padecer Meu Deus na roça eu nasci E lá eu quero morrer