Bela e amável senhora apareça no terraço deixe que a brisa brejeira bata leve seus cabelos que lembram trigais maduros ondeando sobre as coxilhas. Descanse o olhar sereno na placidez da cidade, ouça o vento em contraponto ao murmurar das ramagens, em melíflua sinfonia num concerto singular. Senhora, bela e amável dia desses, num relance lhe percebi com deleite a silhueta grácii, frágil passeando na praça calma sobre um andar de gazeia, pois, saiba distinta dama, que esse sorriso de aurora em ténue luz de candil, formata linda gravura num quadro de lua nova nas mornas noites do pago. E também foi num repente que meus olhos madrugueiros perpassaram seu recato por uma pequena fresta, em meio a sete botões de uma blusa de algodão sete vezes bem fechada, pra pousarem seresteiros levando os dedos da alma num afago imaginário à candura de seu colo, de alba-rosado matiz. Outras vezes a percebo cabelos lourando ao vento, gestos calmos, comedidos absorta, desprendida, a seda branda do rosto dourando na luz divina de uma réstia distraída que o sol lhe dá por moldura para compor, fulgurante, um perfil de deusa grega que veio adornar a pampa nos cultos da primavera. Senhora, talvez não saiba mas há uma cálida névoa, meio bruma, meio nuvem a lhe envolver a silhueta que em suaves meneios lembra esguias garças ariscas num bailado sonolento sobre sutis aguapés. E mais ainda, senhora! Vos elegi minha musa, vestal guardiã dos desvelos E do amor que me acomete. Senhora, entendo esconder nesse vetusto sobrado seu recato de romance num quadro de dama antiga, pois, meus olhos predadores transpassam esses resguardos varando sensuais recantos pra recolher em segundos envolta em véus de mistério, imagem doce de fêmea em bulícios harmoniosos nos férteis cios de setembro. Senhora dos meus enlevos, apareça no terraço desse sisudo sobrado onde por vezes se esconde. Preste atenção neste canto que nasceu em noite insone para prantear seu silêncio e o claustro no casarão. Senhora, musa encantada, conceda-me um só sorriso e abandone esse retiro, pois, viverá neste poema...