Quando o sol vai despacito me quedo mateando quieto no velho ritual campeiro que faz ausentes de afeto buscar refúgio no amargo, vida verde, vida em pó rico ancestral lenitivo parceiro dos que andam só. A lua vem debruçar-se no portal da solidão em tênues raios de prata clareando o velho galpão, fresteando as paredes velhas chegam as vozes da noite que a meus ouvidos cansados trazem sibilos de açoite. A cuia passeia inquieta como se ave noturna que risca olhos punhais na ampla noite soturna, só o chispar das labaredas aos grilos em contracanto compõe mais uma milonga pra um mundo de desencantos. O mate desce queimando na gargante ressequida parece que nessa noite nem Caá-Yari dá guarida a quem cansou do caminho e de partir sem chegar fez da vida uma tapera na velha sina de andar. Uma saudade importuna amarga mais esse mate descompassa tanto o peito que o coração pouco bate, aquerenciou-se essa louca sem ter convite pra vir que até nem sei se é bom ter saudade ou não pra sentir. Uma inquietude interior que faz a noite silente, o sonho muito distante como se estrela cadente, me gusta um mate solito nesse esperar não sei que; saber de andar o sentido talvez, da vida o porquê.