Agora que não vejo-te a meu lado A segredar-me apaixonadas juras Busco, às vezes, do nosso amor passado Recordar estas íntimas loucuras Faz muito tempo, eu nem me lembro quanto A vida é longa e o pensamento é vário Tu mostrava-e a rir. E idílio santo A pequenina cruz do teu rosário E sempre que me vias, recordava Do nosso amor a fantasia louca Cada vez que a pequena cruz beijavas Eu beijava, febril a tua boca Mas o tempo passou, triste segui Da minha vida o longo itinerário E nunca mais e nunca mais eu vi A pequenina cruz do teu rosário Do amor fugiu-me a benfazeja luz Não posso mais, errante caminheiro Sem Cirineu, tal como o de Jesus Verga meu corpo ao peso do madeiro Já vou trilhando a estrada da amargura Antes, porém, que chegue ao meu Calvário Dá-me a beijar, ó santa criatura A pequenina cruz do teu rosario Recorda ainda o nosso amor de outrora Vamos lembrar os tempos de criança Se da vida perdi a doce aurora Resta em minha alma um raio de esperança Tu que és tão boa, que és tão meiga e pura Quando eu baixar ao campo funerário Vens deitar em minha sepultura A pequenina cruz do teu rosario