A tarde passava ao tranco. Das nuvens um choro manso Ao despacito encharcava As paredes do aposento. Eu, de papo prá cima Sobre os pelegos no catre, Sorvia goles da "pura" Intercalando pensamentos. A fumaça do palheiro, Como rebanho de ovelhas, Enveredava prás frestas Repontada pelo vento. Num trotezito chasqueiro Se aproximavam lembranças Dos quebra-quebras de molas Com chinas que tive outrora. No teclado do zinco A chuva tocava, lenta, Uma milonga chorona Que até o tédio devora. Pois para um solitário Todos os palheiros são poucos, Um litro de canha é nada E os desejos não tem hora. Meu pensamento gaudério Só apartou de mim Quando batidas na porta Me despertaram, sem dó. Era café preto, quente, Bolinhos fritos na hora Trazidos por negra Odila Que, por feia, andava só... ... Mas passou a complemento Dos meus loucos pensamentos: - Dum garrão se faz filé Com chuvas num cafundó!