Eu tenho, nos olhos, a imagem do gado E o rosto marcado da poeira do chão O braço curtido do cabo do arado E o laço tatuado na palma da mão Eu tenho motivos, de campo e cavalo Que eu penso e não falo, pra não contrariar Mas, pra que o meu filho não herde os meus calos Caí nesse pealo, pra vê-lo estudar Os muros e grades nos deram abrigo Se é prêmio ou castigo só o tempo dirá Mas esta saudade que mora comigo É de lá! Vem de lá! Mastigo o silêncio das minhas verdades Que outras verdades trouxeram pra cá Porém o motivo da minha saudade É de lá! Vem de lá! Eu tenho saudade dos medos antigos Dos velhos perigos que o tempo revoga Aqui basta um filho sair com amigos E eu quieto maldigo esse medo das drogas A mãe ouve a moto e se vai do meu lado Num passo apressado dizendo ter sede Da cama eu avisto seu vulto ajoelhado Com os olhos pregados na cruz da parede Os muros e grades nos deram abrigo Se é prêmio ou castigo só o tempo dirá Mas esta saudade que mora comigo É de lá! Vem de lá! Mastigo o silêncio das minhas verdades Que outras verdades trouxeram pra cá Porém o motivo da minha saudade É de lá! Vem de lá!