Eu tenho uma alma inquieta, que trouxe de herança, E uma sede de andança que nunca tem fim; No peito, um sonho xucro que jamais se amansa, Da cor da esperança e da flor do capim. E toda a vez que eu penso que é o fim da jornada, Que, enfim, vou dar morada às razões por que vim, Tem algo que me empurra, de novo, pra a estrada; E eu parto pra o nada, em busca de mim (E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei) Talvez seja saudade essa visão confusa, Que chega e se recusa se eu mando sair; São dois braços abertos, um rosto risonho, Um abraço e um sonho sem ter que partir. Há quem diga que eu trago, de vidas passadas, Imagens desgarradas de um tempo por vir; Talvez seja por isso que eu sinta esses laços Guiando meus passos na hora de ir! (E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei) Às vezes, me perguntam se fujo por medo Se tenho algum segredo que o tempo escondeu Disfarço e digo, apenas, que sou mesmo amante Da sina de andante que a vida me deu Mas sei que, bem no fim de uma estrada deserta, Acho a morada certa pra o sonho que é meu; Aí então, sem medo, eu me troco por nós; Quando dois ganham voz, não se fala mais eu. (E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei E nem eu sei dizer quanto esse tanto que andei Mas, se a estrada chamou, por que vou nem eu sei)