[Eu já vim rico de berço. Minha herança não termina; É um mango na mão direita E a esquerda cheia... de crina.] Quem golpeia xucros pra ganhar a vida, Já conhece a manha e a ciência da lida; A laçada certa, quando vem se abrindo, E o vento do coice que passa zunindo! Se o perigo acena, de cima do arreio, Quando um pata branca sai coiceando o freio, Me agarro no manto de nossa senhora; Não morro de susto nem antes da hora! (Porque eu nasci no rio grande; e aqui me criei, Com a fé dos humildes e o garbo de um rei. Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu: Que de lutas só sabe quem sobreviveu!) Quem virou ginete, à custa de tombo, Conhece o cavalo no jeito do lombo; O zebu que pula o varão da porteira E o zumbir do laço queimando a madeira; Sabe que o tempo nos tira a confiança E o valor da prece quando o braço cansa! Mas, quando um maleva findar minha sina, Vou deixar, de herança, o mango e a crina! (Porque eu nasci no rio grande; e aqui me criei, Com a fé dos humildes e o garbo de um rei. Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu: Que de lutas só sabe quem sobreviveu! Trago, na aba do basto, um orgulho que é meu: Que de lutas só sabe quem sobreviveu!)