Milton Sica

Enganei-me

Milton Sica


Enganei-me, enganei-me – paciência!
Acreditei nas vozes, cri, Ormia
Que a tua singeleza igualaria
À tua mais que angélica aparência

Enganei-me, enganei-me – paciência!
Ao menos conheci que não devia
Pôr nas mãos de uma externa galhardia
O prazer, o sossego e a inocência

Enganei-me, cruel, com teu semblante
E nada me admiro de faltares
Que esse teu sexo nunca foi constante

Mas tu perdeste mais em me enganares
Que tu não acharás um firme amante
E eu posso de traidoras ter milhares