Milton Nascimento

Rosa do Ventre

Milton Nascimento


Meu pai escutava o choro, o som de prata no quintal
Jogo de alegria, dança clara em seu olhar
Ramo de lembranças me ferindo, vou rasgar
Eu sei
Ruas do tempo, mil fronteiras cruzar

Houve aquele que não viu
Que a vida exige ter
Só saudade de amanhã

Vejo estas serras me guardando longe o mar
Velhas avenidas me cercando, vou passar
Eu sei
Ruas do tempo, mil fronteiras cruzar

É sol, noiva me espera, brilha a fronte o olhar
Noiva me espera, fere o vento o som do mar
Noiva me espera na estação do trem chegar
Eu vim
Seu corpo com meu corpo leve lavar

Rosa de seu ventre, flor
Flora no meu sangue a cor
Corpo no seu corpo vai
Longe as velhas serras do som dos velhos metais
Corpo se descobre a outro corpo e nada mais
Eu vim
Seu corpo com meu corpo leve lavar
É sol