Passaste por mim no meio da multidão Eu era mais um, mas tu não Tu tinhas algo de outro mundo Os teus passos flutuantes e os olhos inebriantes Suspenderam toda a vida num segundo Coloquei-me então a teu lado Num café de algum bairro acabado Personagem de uma indiferença calma As palavras de circunstância resumiram a distância Que separa o meu corpo da tua alma E mostrámos então ao medo que ensombra todo o mundo Que ainda há amores que nascem no acaso de um segundo Que há destinos que se envolvem em momentos triviais Há paixões que se despertam Mesmo quando não acreditamos mais Fomos minutos sem tempo, sem palavra ou pensamento Olhares vivos de uma intensidade imensa Fomos mundos tão distantes que se deram mutuamente E cresceram na certeza da diferença Valemos todos os momentos, vencemos moinhos de vento Quando juntos somos um olhar apenas E juntamos num abraço toda a réstia de cansaço Que faz parecer as hesitações pequenas E mostrámos então ao medo que ensombra todo o mundo Que ainda há amores que nascem no acaso de um segundo Que há destinos que se envolvem em momentos triviais Há paixões que se despertam Mesmo quando não acreditamos mais Tu e eu voamos bem mais alto São dois corações que em sobressalto Criam o perfume que perdura Falam por entre sorrisos e visões do paraíso Dão-se o corpo e a verdade crua e dura E mostrámos então ao medo que ensombra todo o mundo Que ainda há amores que nascem no acaso de um segundo Que há destinos que se envolvem em momentos triviais Há paixões que se despertam Mesmo quando não acreditamos mais Não acreditamos mais