Tantos calos o mundo me aperta Que esta noite não pude dormir E, acordado, tive um pesadelo! Um deputado fatiava um homem Dedo por dedo, com uma serra elétrica E enterrava os seus restos nas merda Olhei para o lado e vi um governador E deputados, secretários canalhas Que escondiam um dinheiro na cueca E para piora uma moça humilhada Que usando uma roupa curta, ingênua Pensou já ter passado a idade média Apesar de tudo eu sigo vivendo Porque ela é minha menina E ela usa flores nos cabelos E você sabe porque continuo? Acontece que ela é minha menina! E ela usa flores nos cabelos! Ainda vi um grupo de idiotas Que humilhavam homossexuais Com palavras podres e vazias! E no congresso a bancada imunda Defendia com unhas e dentes A legalização da homofobia E nos pratos escorria sangue vivo De um animal vazado pela jugular Que, sem pecar teve no mundo seu castigo A morte suja, escrava do paladar! Apesar de tudo eu sigo vivendo Porque ela é minha menina E ela usa flores nos cabelos E você sabe porque continuo? Acontece que ela é minha menina! E ela usa flores nos cabelos! No fim do sonho vi uma dondoca Que bradava arrogantes certezas Defendia a escravidão dos presos Dizia que o mal era de natureza E que já não havia mais cura Para aqueles ladrões, assassinos, gays e negros Em seus olhos cintilava o fascismo Disfarçado de coluna social E a burrice que guiava o seu destino Estava escrita na revista semanal!