Cheguei no nordeste que nem um cabra da peste fui correndo pro sertão e arrastei meu pé no chão Então fui pra cidade me encontrar com Juliana, levar lá pra minha cama pra poder nós se amar E nois se amô Já na cidade vi um bando de ladrão, uns de terno e gravata ou de peixeira na mão Aqui no meu sertão não cai nada do céu, o gado morre de fome e a seca não dá perdão Morena, minha doce morena Te levarei nos braços pelo meu sertão Até lá desenharei no céu o teu nome E só descanso ao ver água cair no chão O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão, disse Antônio Conselheiro pro seu brother Lampião Ele não era louco como são todos vocês, que não param de berrar e nada de resolver Mas enquanto vocês berram eu vou é pular no mar e de lá nunca sair, viver de me refrescar Pois eu vou terminar agora o meu cordel, vou pegar minha morena e voar com ela pelo céu Do sertão Morena, minha doce morena Te levarei nos braços pelo meu sertão Até lá desenharei no céu o teu nome E só descanso ao ver água cair no chão