Naquela escura e fria madrugada Não sei a pedra que me ouviu subir Guardou em sua entranha amalgamada Imagem, cheiro ou cor do que eu senti Naquela fria e triste noite escura Não sei se a pedra que me viu passar Guardou em sua entranha antiga e dura O que de mim nem eu senti deixar Pedra de fogo Cruzei diversas ruas noite adentro Sem ver que pertencia ali também Talvez nas redondezas do meu centro Só enxergasse a mim e a mais ninguém Na amanhecença súbita do dia Pedaços de lembrança colorida Quem quase não lembrava, renascia Suspenso pela alma retorcida Pedra de fogo Se despediu a escura madrugada Também parti sem suspeitar jamais Que eu conhecia a face retocada Nas marcas que deixei tempos atrás Pedra de fogo