Menino Thito

Tardou a Duas Almas (part. Claro Enigma)

Menino Thito


Veio o frio
Relicário de desejos
Repousamos ali

Geada infinda
Ante o sol
Me cobres do calor do teu corpo

Nudez é a veste que rege
A curvatura do momento
Pretendo ser junto a ti
Duas almas numa só

Desabotoo o aflitivo
Você me rasga a dor do peito
Me traga intenso nesse ensejo 
Ofegante, delirante, delirante

Ofegante e delirante 
Ofegante, delirante
Delirante, delirante

Ofegante, delirante

"A alma do homem
É como a água:
Do céu vem, 
Ao céu sobe,
E de novo tem
Que descer à terra,
Em mudança eterna

Corre do alto 
Rochedo a pino
O veio puro,
Então em belo 
Pó de ondas de névoa
Desce á rocha liza,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio, 
Lá para as profundezas

Erguem-se em penhascos
De encontro à queda,
Vai espumando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo

No leito baixo, 
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto 
Os astros todos

Vento é da vaga
O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas espumantes

Alma do homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!"