Desço a ladeira, sempre na beira Dessa calçada, sento cansado Desce mais uma, um dia puxado Sendo arrastado por essas canções Falo sem peso e agora mais leve Terça sem aula, quarta é dia de greve Nosso silêncio é um mantra Nossos sorrisos, uma prece Risadas tão lacrimejantes Debochando de engravatados em palanques E nesse instante eu só peço ao Pai que tudo o que eu preciso Existe nessas duas mesas fora da despensa A mesa do laço sanguíneo, amor transbordado Isso é fato, carinho fatídico A mesa do laço fraterno, instantâneo afeto Abraço etéreo, um xêro eterno Correndo sem razão Me perguntam por quê Dizem que tenho pressa Pra viver, pra sorrir E do meu tempo, um passatempo E do meu tempo, um passatempo O tempo não para Como diria o sábio Cazuza Mas quando boto no som alto pra tocar me abrem vários porquês Povo pobre elitista, vota abrindo sua própria Cova Abstenção de voto da palanque e a gente vai se foder Desce aquela gelada, que é pra esquecer Da moral pra safado mesmo, é a cara de vocês E o tempo parou pra mim e pros meus Só pra você dizer que voto não muda nada, não muda nada Correndo sem razão Me perguntam por quê Dizem que tenho pressa Pra viver, pra sorrir Correndo sem razão Me perguntam por quê Dizem que tenho pressa Pra viver, pra sorrir E do meu tempo, um passatempo E do meu tempo, um passatempo E do meu tempo, um passatempo E do meu tempo