Sou a depressão dos teus sábados solitários E a lentidão do ponteiro que retarda o horário Sou o morto vivo que vaga em teus pesadelos E tinjo de branco os teus parcos cabelos Sou quem não te deixa esquecer o medo e as neuroses Lembrando sempre do sofrer e de que nada podes Velo tua fugaz carniça espalhada no asfalto Desprezo a alegria castiça que te faz um Fausto Luz, luz, mais luz! Sou a marcha da rotina que te enlouquece E o vazio frio do leito em que padeces A tua overdose iminente de droga barata E o verme que rói demente a tua carcaça Sou quem te convence sempre que não há saída E que viver simplesmente é uma causa perdida Sou o projétil de chumbo a girar no tambor O arauto que declara ao mundo a morte do amor