Gordo, tatuado, maloqueiro de quebrada Que foi salvo e perdoado pelo poder da palavra É o evangelho que liberta, não a igreja e suas placas Minha religião é a mesma dos nóia na madrugada Fé naquele que deu a vida para salvar os perdidos E não no que é vendido nos púlpitos do Brasil Cês criaram o mercado gospel, ungiram seus escolhidos Mas o cristo que cês prega diz pra mim: Quem que ungiu? Esse que só quer divisão, que apóia o fuzil e esquece o perdão Que só vai abençoar o irmão se ele no bolso tiver um milhão O que eu conheço quebrou os grilhões Andava com os loucos e as damas da noite Por mim sofreu os açoites, a morte, e vocês foram a corte Preferiram Barrabás, negaram o Príncipe da Paz Hoje vocês pedem paz mas, matam seus iguais Tratam todos como rivais, eu acho que de amar O ser humano não é capaz, explica pra mim> O por quê dessa guerra de egos e desse evangelho interesseiro São cegos guiando cegos vagando na contra-mão Pondo fé na falsa agulha cês põem fogo no palheiro Só que quem brinca com fogo acaba queimando a mão Não é que eu tô torcendo para dar errado, não Só que do jeito que tá já deu pra ver que não deu certo Tem igreja que não me aceita só por que eu falo gíria, hã Jesus mandou um salve que esse é nosso dialeto Ele me resgatou do vale lá dos ossos secos E me chamou para pregar pros que cês fecha as porta Fui ver a cena e vi que tem um monte de aba reta Com o coração amargurado e as ideia torta Mas acontece que eu ainda sou aquele lá dos becos Trago viva a poesia que cês querem morta Agradecido por ser filho da dona Roberta Que me ensinou a dar valor pro que de fato importa A família, os amigos, a esperança na vida Dignidade e integridade pra andar de cabeça erguida Foi ela que me ensinou a andar no caminho da luz E ficou feliz demais quando eu encontrei Jesus Mas, tem tanto ódio na fala dos que dizem: Deus Que eu mesmo já me peguei pensando se Ele existe Aí lembrei que Ele dá liberdade para os que são Seus É o que a gente faz com ela que me deixa triste