A tradição Desse meu fole velho É conservada na alma do povo A tradição Desse meu fole velho É conservada na alma do povo Chegue, se aconchegue menina Chegue meu bem Se achegue aqui perto de mim Que teu calor me faz bem No arrasta pé, que bole muié Que mexe fulôr Que faz suor descer pelo pé, molha meu amor Faz a palhoça pegar fogo, incendiar coração Corpo colado ao outro tremendo de emoção Vai se juntando todo esse chão, deixa solidão Deixa as palmas de mão bater, deixa a zabumba trazer multidão Pra ver o dia clarear fazendo a sanfona gemer Pro meu povo se alegrar, adoçar o viver Que possa ser o dia mais bonito que já se viu Por tudo que se floriu, por tudo que se sentiu Felicidade explodiu, todo sertão se buliu Todos souberam que foi no Brasil que isso surgiu Tipo rap com baião, tipo canção com batidão Tipo Rapadura e véio Gonzagão, a melhor dupla do sertão E faz poeira subir no terreiro, levanta defunto no meio do tumulto Mais chique é o Chico matuto Todo mundo junto no rala bucho que é o que mais presta Na batida das panelas João Braz alegrando a festa Que convidou Januário junto com Zé Macaxeira Chamou Helena, o Ramalho, não deixa apagar fogueira Falei com a mulher rendeira, tão chegando as lavadeiras Trazendo a cantiga que mexe com essa caatinga inteira Posso sentir teu calor, posso sentir teu amor Sinto teu cheiro de fulôr E cada sonho que dança nos braços da esperança, canta criança, comadi, o senhor Trouxe a cantiga pra abraçar O amor popular Trouxe a cantiga pra beijar O amor popular A cantoria despertar O amor popular Trouxe minha gente pra cantar O amor popular Tem tapioca, mugunzá Arrasta pé pra dançar Fogueteiro pra alegrar, o fole pra se tocar Tem gente ainda pra chegar Vestido pra se rodar Cabra arretado a cantar, faz a cunhã flutuar Os culumins se desembestam quando se encontram Fazem ciranda, brincam de quadrilha, histórias contam É coisa linda de ver o repentista, a viola, o vaqueiro, o boi, a caatinga nos mais antigos da escola Zé Neto do acordeon, Patativa de Assaré Zé do Serrado no som, embolando contra a maré Teve a embolada no inferno e a embolada no céu Eu aplaudir a segunda beleza pura, é cordel Pura beleza é frevo, maracatu, capoeira, tem jumenta alada e cachaça tem de tudo na feira Tem cabra embriagado que tem terreno no céu Tem farinha e rapadura que é mais doce que mel Isso é o que me faz feliz, vou celebrar minha raiz Cantando na feira do livro com Chico de Assis A transmitir meu calor Interpretando esse amor Nessa saga forte, Luiz Gonzaga, meu professor Na casa do Cantador, Zé Cardoso e Sebastião Acendam um lampião, arrocha mais um baião Arrocha um xote, um maxixe, um forró puro pé de serra Vem meu amor popular a brotar dessa linda terra Posso sentir teu calor, posso sentir teu amor Sinto teu cheiro de fulôr E cada sonho que dança nos braços da esperança canta criança, cumadi, o senhor Trouxe a cantiga pra abraçar O amor popular Trouxe a cantiga pra beijar O amor popular A cantoria despertar O amor popular Trouxe minha gente pra cantar O amor popular Eu vou pedir pro Meu Padim mandar uma chuva pra cá Pra essa lavoura crescer, mandacaru se aflorar Se todo esse céu chorar, a terra se juntará, o gado vai engordar As coisas vão miorar Bota cangaia no burro pendura tudo que der Vou vender o que puder Seja o que Deus quiser Sou lavrador, trabalhador, sou sonhador cantador Eu vim da seca, da palhoça pra expressar meu amor Do culumim pra escola que é preciso estudar La pra cidade da pedra, ele pode até se formar É muito boa a leitura Transforma a criatura Traz uma nova escritura Expande a nossa cultura Toda essa gente tem garra Tem esperança no peito Tem tradições, tem talentos e merecem mais respeito Merecem oportunidade, pois capacidade tem E é por isso que eu amo o norte nordeste O verdadeiro tem Eu e me fole Pela vida fora Atravessando duas gerações As alegrias que sentimos juntos Somos parceiros nas recordações