Silêncio pra que eu possa me ouvir E possa sentir A luz que aqui me trouxe outra vez Pra enterrar cada fantasma que vi Dentro de mim, pra fora de mim Com toda Nudez Aqui deixo minhas vestes Tudo que me deste O orgulho que em mim reflete Não remete prazer Nem sei bem o que escrever Não aceito o desígnio, uma dor Que não é minha Molhando linha por linha Me prendem a reflexão Quando braços e abraços Se desprendem da conexão Cansaço é o encalço Que se estende a introspecção Tempo e espaço são falsos Se rendem a decepção Repreendem concepção Não há muito a se exaltar Com pouco a se resgatar E uma pá a se ressaltar No devaneio destino Veio para me assaltar Não pude evitar deixei uma noiva A me esperar no altar Tive que voltar, lutar Suportar, todo esse peso Fragmentos, sentimentos Nos quais não fui coeso Levando escombros nos ombros Não deu pra sair ileso Indefeso, fui pego, surpreso Quando te vi preso a esmo Esperava mais de ti, quando resolvi partir Deixei tudo aqui e fui atrás do sonho Esse mesmo sonho que não repartir Sozinho me vi, chorei e sorri, vivi Tudo que componho. Me oponho! A família e as chacotas Fizeram apostas Vieram drogas, propostas Minhas obras são as respostas Todas as letras compostas Canções expostas Saí sem fechar as portas Só! Só virei as costas E mesmo com esse desprezo Espero que ainda te alcance Que não me canse Por mais que isso me balance Que possamos viver Mais que um lance outro romance Foi difícil ver minha mãe com Câncer Te dar mais uma chance Biografia em ritmia Depressão sem terapia Não comia, não dormia Aos poucos morria, quando à via Em quimioterapia Cada visita emociona Rotina que me pressiona Em cacos! Versos formaram um mosaico Com os restos Faço do gesto incerto Um trajeto concreto e oportuno Fecundo! De turno a turno Sempre em projeto noturno Troco o teto de Saturno Por um diurno de afetos É complexo! Ser pai, ser filho, irmão Na partilha do pão Com a família no vão Pé no chão Mão no trabalho Na madruga colho o orvalho Frio como agasalho Fazer arte com retalho É sermão pra quem disse não Não foi em vão! Tudo que fiz Estando mudo o peito diz Fica surdo e o mundo contradiz Sua meta Querendo ou não dentro afeta O interior manifesta Não contesta A voz de uma linda neta Que se chama Liz Feliz por que quis! Sinto me cada vez mais maduro Um homem completo Sem o prego do patrimônio Arquiteto do passado em presente Contesto o futuro Construo no escuro seguro Selo meu matrimônio E tudo que aqui exponho É um rascunho que não desata Não disponho a força exata Pra falta que existe em mim Mesmo assim calor te trago Da Layane e do Fábio Dona Lourdes e o afago Do Yago e da Yasmim! Nós merecemos outra vez Só mais uma vez Mais uma oportunidade Pra reparar Tudo que a vida nos fez E o que não se fez Podemos fazer Pois não é tarde