Eu falo e não me engano Pois muito bem eu me lembro Era vinte e um de novembro E dois mil e cinco era o ano O Patrão Velho soberano Ao meu pai um convite fez E então chegou a sua vez Deste plano desencarnar E em outro mundo foi morar Passando assim a vivez Eu que esbanjava alegria E animava uma pista Me consideravam artista Mas versos eu nem fazia E quando foi naquele dia Do momento transitório Durante o seu velório Eu fiz uns versos rimado Pra relatar meu pai amado Escrevi este poema simplório Falar do meu velho pai Me deixa emocionado Me da um nó na garganta De lembrar o seu passado Gaúcho simples, humilde Sempre bem humorado E com a minha mãe, Dona Polaca Por mais de 30 anos foi casado Quando morou em Ponta Grossa E por lá era requisitado Pra que um ambiente fúnebre Ficasse um pouco mais animado A funerária queria muito Uns velórios diferenciado E meu pai contava uns causos Que até o morto achava engraçado Na sua vida meu pai fez de tudo Pra não lhe faltar os trocado Foi boa fria, foi carpinteiro Foi mestre de obra, foi empregado Foi marceneiro, foi pedreiro Em Mariópolis foi até delegado Por lá teve um salão de baile Por sinal, muito afamado E pelos concursos de trova Quando seu nome era anunciado Falo com toda certeza Que ele não ficava preocupado Já os outros trovadores Ficavam loco, apavorado Pois meu pai era bom de ideia Mandava bem nós versos improvisado Levava uma vida calma Meu pai tava aposentado Só que o destino é incerto E aos poucos foi derrotado Pro céu se foi mais um filho Deste Rio Grande amado Gaúcho de bota e bombacha E do lenço Colorado Pra que não conheceu Meu velho pai amado Seu nome é Vilson Bertazo Por muitos era admirado Quem com ele conviveu E a ele, seu amor foi prestado Só me resta duas palavras Muito obrigado