O gaiteiro parou, alvoreceu Ana teve vontade de chorar Mas em vez de dizer então adeus Desatou-se a dançar, dançar, dançar Não queria a manhã que se anunciou Tanta noite gastou-se a esperar A palavra, a promessa, o novo amor Ou o nó que a ilusão sabe amarrar Era dia marcado a contragosto Era o último baile do povoado Era um olho molhado em cada rosto Outro olho festivo e rebelado Era música urgente, beijo urgente Era lágrima em véspera de lago Era dança na véspera da enchente E uma gaita calada era pecado O gaiteiro parou, alvoreceu Mas que dia teria luz igual Ao olhar que rodava em frente ao meu E a paixão que explodiu noutro casal Quando as coxas mestiças de Jandira Se enredaram em coxas mais febris Houve juras eternas de mentiras Pra guardar em retrato um par feliz Era gente que iria pra fronteira Que divide o viver e a sobrevida Um é água de rio, de cachoeira Outro água em represa, reprimida Era busca de vida, era vertente Tanta lágrima em véspera de lago Tanta dança na véspera da enchente Que uma gaita calada era pecado E ninguém no salão largou seu par Nem viúvas, nem amantes, nem irmãs E o gaiteiro voltou a se animar A esperança e a fé são tecelãs (Sabe lá vão dar conta de tramar) (Mil auroras adiando mil manhãs) (Sabe lá vão dar conta de tramar) (Mil auroras adiando mil manhãs)