Fiz essa milonga Bebeteando Rancheriando, caseriando Tomando mate Fiz ela escorada na guitarra Lá no fundo da palavra Pra ouvir o estouro do balde Fiz a melodia comentada Alternando compadrada De mirada e consumo Fiz ela soltando os cachorros Atiçando o fogo Ouvindo o rádio Que se passa Tum tum tum Depois da chuva Da bala perdida De um bando Por la frontera Era inverno sim, eu perdido em mim Rabiscava uns versos pra enganar a dor O tédio, o pranto, o tombo E encantava mágoas milongueando sonhos Mas havia em mim, um cismar doentio De agregar estimas aos atalhos gastos Dos compadres músicos Repartindo as tralhas tendo o olhar recluso Somos dessa aldeia filhos de parteiras Na parelha injusta da cor Somos pensadores sem pedir favores Somos dessa plebe, febre de palavras Na fronteira oculta dos rios Somos cantadores sem pedir favores Caso esta biboca, cova da desova Dilarece o fruto, mastigando o gulo O sumo, o tudo, o nada Pego essa pandilha e engravido a rima Se amor der sombra, a sesteada é pouca Pra escorar no esteio, os livros, os arreios O riso humano, o cusco, os ossos E talvez amigos milongueando uns troços E talvez amigos Bebeteando uns troços