Mauro Moraes

Terra e Gente

Mauro Moraes


Eu e o meu cavalo amarelado, esporeado pelo tempo...										
Há tempo andamos na procura justa										
De quem busca a música no silêncio amargo										
Dessa gente tola, que exercita a boca										
Mastigando a orquestração serena das curtidas cenas,										
Dominando as artes sem saber porquê...										

Eu e o meu sentido anarquisado de levar até o passado									
O pago imperialista das conquistas,										
E a pergunta impertinente de quem era a fome, o lar,										
A cor, a changa, a sanga e a prosáica mutação do canto,									
Adiante dos ouvidos surdos										
Dos ilustres latifúndios à tapera do Zé Ninguém...										

A lida é o que resulta algo melhor										
Depois da estação dos arrozais,										
A vida é a inspiração de cada voz,										
Cantando mais, cantando mais,										
(A morte é um violão ponteando o sol										
Além de nós.) Bis										

Eu e o meu campeiro envelhecer,										
Campereando a solidão teatina, ativa, ruralista,										
Dos engenhos impassíveis, moedores da consciência,										
Servidores da semente, que retalham terra e gente, 										
Atrofiando a moradia dos que tentam ganhar o dia										
De emoção e suor...