(Declamado) E, bueno, bota palanque, peonada! "Pegá" os cavalos, dá uma ajustadinha nas xergas, nos "basto", e vamos ao tranco pelo campo, mimando o pago na estiva da lida, que arriba de nós o coração observa e só aos "cavalo" relincha. Pois é, tchê! "Ma" necessitamos do laço e se a manada anda na encerra, abrimos a cancela, deixamos sair as tropilhas, que logo fazem família, cada qual com sua madrinha. Eu, eu já nem sabia se a tropa era um animal querendo ser muitos ou se muitos tentando ser um. Até pensei meter firme com a teimosia dos mais fogosos e libertários Ah! Bastava um grito de "volta, pingo!" e lá ficavam todos maneados pela raiz. Na pampa ouve-se o ruído da tropa em marcha, rumor de cascos com seus galopes, corcóvos, queixumes, pechadas e salseiros, aumentando de tamanho, definindo-se pelo entrevero de pelos e formas sob a luz nascente do dia... (Refrão) No meu isolamento, enquanto o amanhecer ia fazendo sua obra, Senti-me de repente triste, porquê? Talvez fosse uma parte do ofício, Talvez um azar chateando o serviço ou talvez um pealo Tapado de quebranto... Mas bah! Que tal? "tás loco"? Querência, que troço, recém tinha apeado do baio negando o estribo E me vinha esta distância desgraçada emponchar os Meus olhos de lástima e lonjuras... (Declamado) E assim, igual a um floreio de gaita e um violão no cabrestro, a vida foi me tapeando o chapéu e distraiu-me dos meus pensamentos. Na passagem do rio, oscilando, a tropa assustada atiçada na água, na corrente arisca, até sairmos na outra margem com as cinchas gotejando e uma que outra tristeza enlameando a bombacha temporana, surrada, mas buenaça pro trato campeiro, onde balda o caseiro os aperos da alma, até enxergar lá no pasto com as vistas unidas, a tropa toda reunida, coitada, cansada, animalada, era só baba por sobre o lombo, lambendo as feridas...