Mauro Moraes

Milonga Crioula

Mauro Moraes


Um chapéu desabado de água, barro, tempo feio,								
Me aperta os tentos do barbicacho, 								
Varando o passo num paysandu...								
A tropa segue galopeada, 								
Com os burros n'água bandeando o rio,								
Com o frio no lombo, encarangando,								
Coisa de "loco", nunca se viu...								

(Peonada, é coisa braba 								
Nadar de poncho trocando orelha,								
Ressabiando queixo de potro								
Com o gado gordo bufando as ventas.) Bis								

O cusco sempre na volta 								
Tenteando a bóia, sobra de fiambre,								
Pão com matambre, batata doce 								
E um chibo bueno pro tira-gosto.								
Um pingo manso de rédea 								
Me balda a sesta bocando o pasto,								
Batendo casco de contraponto, 								
Pedindo toso pras camperiadas.								

(Peonada, sempre que eu posso								
Arranjo uns troços pra me entreter,								
Encosto a cambona ao fogo 								
E um mate novo vem me aquecer.) Bis								

Qualquer sinuelo, onde se apartam as reses,								
(Às vezes, rondando a tropa, 								
A vida volta parar rodeio.) Bis