Mauro Moraes

Tranqüilo e Sereno

Mauro Moraes


Nem bem golpeava o dia									
E já havia em meu semblante									
Um ar de quem distante reunia a gadaria...									
Às vezes nem se tem o mate da manhã,									
E o tom da poesia no violão!									

Arrematei a prosa pra ouvir o meu cavalo									
No campo, bocando o pasto,									
Costeando um espinilho...									
Às vezes o tordilho renega com as ovelhas,									
Enquanto atoro lenha									
À sombra de um galpão!									

A vida pra quem fixa os olhos num luzeiro,									
Entre a manada e o bando,									
A palavra infinda o verso...									
O resto o pampa acolhe dentro d'alma,									
Quando alguém sangra uma milonga									
Causeriando a dor!									

Enquanto molhava o dia, o fogo lambia a carne									
E o tempo de compadre									
Enchia mate no galpão...									
Cantando o coração,									
O amor prepara uns "fiambre",									
Adiante da tristeza e da sofreguidão!