A primavera gaúcha Estende um manto de flores, Alvoroçando os amores Da pampa continentina... Brilham sorrisos de china nos ranchos e nas ramadas E ao longo das invernadas A eguada troca de clina! "Inté" um galo franzino Floreia o bico entonado num contra canto pra o gado Um touro berra escarvando... E assim como que chamando Uma ponta de vaquilhona Dos baixos duma cordeona Um sol se vai resmungando! E o bicharedo silvestre Neste ciclo se adocica; O mulito com a mulita, E o tatu busca a tatua, E desta rima mais crua Desculpem a ignorância Mas eu sei que lá na estância, o xirú chama a xirua! E um borreguito apurado Recém botando os dois dentes Já se para inpertinente Nas ovelhas do potreiro... Não te apura, meu parceiro, Que tua estrada é noutro rumo Tú ficaste pra consumo, E o rebanho é só em janeiro! É primavera, senhores, E mais linda não poderia, Madura potras pra cria Neste ritual macanudo... E o meu Rio Grande clinudo Se completa nas manadas A onde guincha a eguada Pelas Guascas dos cuiudo!