A palavra sorri e chora Joga sangue em nossa veia Como a teia de desenrola Pra sugar da vida a ceia Dezessete légua e meia É o tempo que se demora No jogo, na brincadeira Com as cordas da viola A palavra e a viola São margens do mesmo rio De um lado canta a memória Do outro desafio A palavra e a viola São margens do mesmo rio De um lado canta a memória Do outro desafio Uma porta de entrada Abrindo pro mato bravio Um menino na estrada Distraído no assovio Convida a ouvir o pio Do cantar da passarada E o vento breve arredio Harmoniza embolada A palavra e a viola São margens do mesmo rio De um lado canta a memória Do outro desafio Um olhar se encanta e pena De tanta delicadeza Nunca viu coisa pequena Ampliar a natureza Um pano que veste mesa Um poço de água serena Viola namora presa Palavra prepara a cena A palavra e a viola São margens do mesmo rio De um lado canta a memória Do outro desafio Esta cena se completa No longe do aboio vazio Disparando feito seta O seu desejo no cio E nas margens desse rio Vida e morte se acertam Palavra afina o fio Viola dá voz ao poeta A palavra e a viola