No meio da noite me arrancaram da cama E eu de pijama fui convidado a passear A carruagem era preta e branca Uma porta e uma tranca E um pedaço de santa Eu tinha pra me apertar O caminho foi longo e escuro E o meu corpo com peso de muro Se deparou com a porta uma escada e um porão Dois metros de chão Baldes de água arames farpados Mangueiras seringas cordas De súbito um soco partiu a minha boca E meu sangue em sopa Pintou uma paisagem em minha camisa Uma manchete de jornal De segunda-feira Uma nota de desaparecimento Desapareceu na noite passada E ninguém viu nada nada nada João da silva Trinta anos ou mais ou mais Trajava roupa clara Cabelos escuros Estatura mediana Quem souber do seu paradeiro Do seu paradeiro Telefone o dia inteiro Pra dois dois quatro Meia quatro meia tal Ou pra redação desse jornal Quem foi que te escolheu? Quem foi que te entregou? Quem sabe da tua hora Ou bem perto mora Ou te sorteou? Quem foi que te perdeu? Quem foi? Quem foi que te achou? Em casa alguém já chora Boia na aurora Um corpo que calou Um corpo que calou Um corpo que Quem foi que te perdeu? Quem foi? Quem foi que te achou? Em casa alguém já chora Boia na aurora Um corpo que calou Quem foi que te perdeu? Quem foi? Quem foi que te achou? Em casa alguém já chora Boia na aurora Um corpo que calou