Mauricio Jorge

Aquele Lengo-Tengo

Mauricio Jorge


Vendo o amanhecer numa serra, 
refrescando a vida faço a reza
E alembro o Baião a reinar, 
no tempo que Luiz aboiava no meu Juá
De tanto amor curto na tua sombra, 
histórias contadas por quem me ama
E espera pra quando rever, 
matar a saudade contida naquele lengo-tengo...

Sigo o entardecer nessa sombra, 
arriscando a sede que avança
Entrego a saliva ao querer, 
devorar o doce dos verdes canaviais
Reconhecidos por sua beleza, 
que acenam pra os ventos, voam carcarás
Atentos pra reconhecer 
os inconfundíveis apelos daquele Lengo-tengo...

Sigo o anoitecer para amar, 
num fresco sereno hei de encontrar
O reconhecido aboiar, 
o brilho do velho Gonzaga no seu luar
Cai sobre as velas e os candeeiros, 
ardentes donzelas de fogo alheio
Tarefas de um nobre Sertão, 
baiões inspirados nas lendas daquele LENGO-TENGO...