Tudo passa no mundo. O homem passa Atrás dos anos sem compreendê-los O tempo e a dor alvejam-lhe os cabelos À frouxa luz de uma ventura escassa Sob o infortúnio, sob os atropelos Da dor que lhe envenena o sonho e a graça Rasga-se a fantasia que o enlaça E vê morrer seus ideais mais belos! Longe, porém, das ilusões desfeitas Mostra-lhe a morte vidas mais perfeitas Depois do pesadelo das mãos frias E como o anjinho débil que renasce Chora, chora e sorri, qual se encontrasse A luz primeira dos primeiros dias Ah! Se a Terra tivesse o amor, se cada Homem pensasse no tormento alheio Se tudo fosse amor, se cada seio De mãe nutrisse os órfãos Se na estrada Do contraste e da dor houvesse o anseio Do bem, que ampara a vida torturada Que jamais viu um raio de alvorada Dentro da noite eterna que lhe veio Do sofrimento que ninguém conhece Ah! Se os homens se amassem nessa estância A dor então desapareceria A existência seria a ardente prece Erguida a Deus do seio da abundância Entre os hinos da paz e da alegria