Eu fui pedir à Natureza, um dia Que me desse um consolo a tantas dores Desalentado e triste, pressenti-a Cansada e triste como os sofredores Encaminhei-me à porta da agonia Corroído por chagas interiores Buscando a morte que me aparecia Como o termo anelado aos dissabores Desvendando esse trágico segredo Que a alma decifra, pávida de medo Com ansiedade e temores dos galés Mas ah! Que atroz remorso me persegue! Choro, soluço, clamo e ele me segue Nesse abismo que se abre ante os meus pés Ninguém ouve na Terra esse lamento Da minha dor imensa, incompreendida Nas pavorosas trevas desta vida Em que eu julgava achar o esquecimento Tenebrosa, essa noite indefinida Cheia de tempestade e sofrimento No país do Pavor e do Tormento Onde chora a minhalma enceguecida Onde o não-ser, a paz calma e serena Que me traria o bálsamo a esta pena Interminável, rude, dolorosa? Ninguém! Uma só voz não me responde! Sinto somente a treva que me esconde Na vastidão da noite tormentosa Sirva-vos de escarmento a dor que trago Na minhalma infeliz e sofredora Este padecimento com que pago O desvio da estrada salvadora Aqui somente ampara-me esse vago Pressentimento de uma nova aurora Quando terei os bens, o brando afago Da Luz, que está na dor depuradora Agora, sim! Depois de tantos anos De tormentos, em meio aos desenganos Espero o sol de novas alvoradas De existências de pranto e de miséria Para beber no cálix da matéria As essências das dores renegadas!