A alma extasiada Sobe, sobe Há toda uma amplidão iluminada A sua vida A estrada É uma etérea alfombra Sem resquícios de sombra! É o domínio da luz que ela conquista! Vibra no ar Dulcíssima harmonia Como se fora feita De luar De alegria De alegria perfeita Parece um hino de amor Dos paganinis siderais A ventura, o fulgor Transformados em notas musicais Além, fulguram sóis Em tudo há um misto Nunca visto De manhãs e arrebóis Aos clarões dessa aurora A alma chora Em êxtase profundo E lembra-se que sofreu Que amou, que padeceu Ao longe, muito ao longe O mundo É um ponto negro que gira Ainda além, mais além A via-láctea transluz Como um éden de luz E de amor Nesgas do céu, imagens de esplendor Cenários majestosos Soberbas harmonias Nos mundos luminosos! Seres que passam rápidos, flutuantes Sorridentes, radiantes Nos espaços sem termos, onde a vida É a imortalidade Anelada, querida De pureza, de beleza De perfeição e de felicidade! Em baixo as vastidões Em cima, as emoções Do ilimitado Atrás a noite e as mágoas de agonia Do passado E, em frente Um futuro esplendente Pintalgado de rosas Da mais pura alegria Feito de éter, de sonho O caminho é risonho Recamado de flores perfumosas Melodia, luz, aroma! De repente Numa nesga de céu resplandecente Assoma Uma rutila esfera Como um país de doce primavera Intérmina de gozos! A alma se extasia Na luz do eterno dia Com os pensamentos puros e radiosos Ora a Deus Recorda em prece os sofrimentos seus Evoca as lágrimas vertidas! Contempla panoramas de outras vidas Vidas de estranha dor Mas cada gota amarga dos seus prantos Agora É um raio de aurora Que um a um Vão formando uma auréola De brilhos santos Que a engrinalda de luz Em suavíssima unção A pobre alma orando Chorando Nessa prece Reconhece A alvorada de sua redenção!