Alma humana, alma humana, tu que dormes Entre os grandes colossos desconformes Da carne, essa voraz liberticida Desse teu escafandro de albuminas Em tua mesquinhez não imaginas A intensidade esplêndida da Vida! Inda não vês e eu vejo panoramas De luz em gigantescos amalgamas De sóis, nas regiões imensuráveis Auscultando os espaços mais profundos Na sinfonia harmônica dos mundos Singrando a luz de céus incomparáveis Do teu laboratório de arterites De gangliomas, úlceras, nevrites Ao lado de humaníssimas vaidades Não podes perceber as ressonâncias Quinta-essências de todas as substâncias Na fluidez das eletricidades Aqui não há vertigens de nevróticos Nem bisonhos aspectos de cloróticos Nas estradas de eternos otimismos! A vida imensa é coro de grandezas Submersão nas fluídicas belezas Envergando os etéreos organismos Ante a minh'alma fulgem ideogramas Pensamentos radiosos como chamas Combinações no mundo das imagens São vibrações das almas evolvidas E que, concretizadas e reunidas Formam luminosíssimas paisagens Em pleno espaço, imensidade de ânsias Sem aritmologias das distâncias Sem limites, sem número, sem fim Deus e Pai, ó Artista Inimitável Deixai meu ser esdrúxulo, execrável No prolongado e edênico festim!