Que amargo era o meu destino! Tristezas no coração Tateando dificilmente No meio da escuridão Viver na Terra e somente Remando contra a maré Com receio de ir ao fundo Nem tão boa coisa é Esta vida de sofrer Trinta dias cada mês Entremeados de prantos Há quem estime? Talvez Mas para mim que só fui Galeno sem nó, galé Tantas dores em conjunto Nem tão boa coisa é Sentir as disparidades Das vidas cheias de dor O mal sufocando o mundo Marchando com destemor Ver o rico andar de coche E o pobre correndo a pé Tantas misérias sentir Nem tão boa coisa é O pranto ferve na Terra Salta aqui, salta acolá Nas guerras de toda parte Nas secas do Ceará Meus irmãos de Fortaleza Do Crato, do Canindé Ver uns rindo e outros chorando Nem tão boa coisa é Ah! morrer e ainda sentir Saudades da escravidão Da carne, do desconforto Da treva, da ingratidão Não é possível porque Pobre filho da ralé Casar-se com a desventura Nem tão boa coisa é Mas falar demais agora Já não é próprio de mim Não vou gastar minha cera Com tanto defunto ruim Patetice é ensinar Verdade aos homens sem fé Jogar pérolas a tolos Nem tão boa coisa é