Oh! Que desdita estranha a de nascermos Nas sombras melancólicas dos ermos Nos recantos dos mundos inferiores Onde a luz é penumbra tênue e vaga Que, sem vigor, fraquíssima, se apaga Ao furacão indômito das dores Voracidade onde a alma se mergulha Apoucado Narciso que se orgulha Na profundeza ignota dos abismos Da carne, que, estrambótica, apodrece Que atrofiada, hipertrófica, parece Cataclismo dos grandes cataclismos Prendermo-nos ao fogo dos instintos Serpentes entre escrófulas e helmintos Multiplicando as lágrimas e os trismos Tendo a alma – centelha, luz e chama Amalgamada em pântanos de lama Em sexualidades e histerismos Misturarmos clarões de sentimentos Entre vísceras, nervos, tegumentos Na agregação da carne e dos humores Atrocidade das atrocidades Enegrecermos luminosidades Na macabra esterqueira dos tumores E nisto achar fantásticos prazeres Ilusão hiperbólica dos seres Bestializados, materializados Espíritos em ânsias retroativas No transcorrer das vidas sucessivas Nas ferezas do instinto, atassalhados Mas a análise crua do que eu via Hedionda lição de anatomia É mais que uma atrevida aberração Que se quebre o escalpelo de meus versos Entreguemos a Deus seus universos Que elaboram a eterna evolução