Eu não sei, há quanto tempo eu não rezo Há tempos lendo histórias nos livros De bondade tá cheio o inferno Realidade, blasfêmia é estar vivo Espiritualidade, respeito ao próximo, mente comanda e manda Fraternidade e caridade como pede a Umbanda Amizade de verdade os maumbeiro não desanda Milhares Palmares, Dandara, Barack Azares, de engenhos e Waacks Liberdade pele preta, rufem o atabaque A senzala rebelou, agora é o contra-ataque Não permitimos agravos Como sofreram os escravos Que lutaram com alma e foram bravos Descendência de pretos e pardos Navio negreiro sem consciência Que o negro é ouro, e não um fardo AfriKa Bambaataa, padrinho do lindo cântico Zulu Nation, Anti-Apartheid no atlântico Romântico, com ela sou e vou Meu amor não é de pele, é de sangue, Bantu-Nagô Então fa-favô, não confunda Macumba e Candomblé Energia, poder e muita força, axé, axé, axé, axé, axé Ouço preto velho no meu ouvido Ele gosta de falar do que eu preciso Senhores do engenho, que venham, que batam Que morra, fomos mal criados, em Sodoma e Gomorra Batuque em batuque, saudamo Xangô Batuque em batuque, deitamos seu flow Em batuque em batuque, marquei mais um gol No ninho da coruja, olha a catapulta Coração gelado, se é isso que elas quer Então bota nessas putas, mirando sucesso Rezando pra Lua, canetada de alma, banho de arruda Maumbu, maumbeiro, sangue brasileiro Maumbu, maumbeiro, só tiro certeiro Maumbu, maumbeiro, os menino é nojento Disciplina e respeito! Que perigo, politicagem cria artigo Mas tô vivo, tudo tá bom quando nada é comigo E aí meu amigo? Quer o que de mim enquanto eu não vingo? Do nada é bingo, naquelas voltando enquanto eu só indo E hoje eu não fui E olha que eu sei Que a noite seduz Tem olhos azuis Ali eu já fui Por ali passei Minha banca é mais ruim Muito axé e blues Nostralaje, maumbu é a banca mais ruim Maumbu afasta a praga psicografando rap É a palavra sagrada que liberta da corrente Cruzando os 7 mares antes que o porto feche Sai da zona de conforto pra ter algo diferente Eu não preciso da sua garantia Minha mente sempre foi meio estragada Por isso transformei minha frustração em poesia E hoje quando escrevo é chacina declarada Já tava na cara que esses porcos só queriam a lavagem E um lugar de destaque pra subir no abatedouro Tudo pra fazer parte dessa sopa moderna sabor rap de merda Manobrado e se matando pelo ouro eu nunca fui estudioso Escola e faculdade não me interessavam Por isso que eu passei todos esses anos Entendendo o mundo que me colocaram Eles não perceberam a mentira Seu movimento só foi feito pra tirar onda de grife Eles não perceberam a rotina Os meus parceiros tão querendo tirar mais menor do crime No tempo dos rituais, me lembro dos ancestrais Meus guias espirituais, indicavam a direção Hoje são redes sociais, argumentos virtuais Entre as mídias digitais, derrubaram uma nação Eu não sei, há quanto tempo eu não rezo Há tempos lendo histórias nos livros De bondade tá cheio o inferno Realidade, blasfêmia é estar vivo