Se engana quem diz Que o que se tem é o que te faz feliz Bom mesmo nessa vida é ser dono do próprio nariz O dinheiro é doce, mas melhor te avisar Quando a mosca cai no mel não consegue mais voar Nada é de fato meu, meu, meu Nem esse corpo que o mundo me deu, deu Melhor é eu nem me preocupar Eu sei que eu vou conseguir Se eu precisar A terra é da Terra E o seu fruto ela nós dá Não existe minha terra Nem mesmo se eu cercar Porquê a riqueza de verdade É o que acontece quando alguém Não deseja nada mais do que aquilo que já tem Nada é de fato seu, seu, seu Nem esse corpo que o mundo te deu, deu Melhor é nem se apegar Você está só de passagem Aqui, neste lugar O modo de acessar o território, é coletivo A governança desse território, compartilhada Com responsabilidade, acerca de todos os eventos Que acontecem dentro desse território É uma marca do modo de gestão territorial indígena Dentro de um território indígena, ninguém é dono do lote Também você não tem herança Você nasce, vive e morre Não tem poupança E também não tem sentido aposentadoria É difícil para alguém que nasceu fora do sistema de indigenato, entender isso Ninguém mais vive o uso coletivo de território, é tudo privado Porque aí já entrou a ideia da propriedade A ideia da herança É a mentalidade capitalista, tudo é mercadoria, até a vida O grande dilema hoje no Brasil é Os caras vão aposentar depois de morto ou ainda vivo? É muito mau gosto, é muita burrice também