Martinho da Vila

Batuque Na Cozinha/ Patrão Prenda Seu Gado/ Pelo Telefone (pout-pourri)

Martinho da Vila


Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato

Eu fui na cozinha
Pra ver uma cebola
E o branco com ciúme
De uma tal crioula

Deixei a cebola, peguei na batata
E o branco com ciúme de uma tal mulata
Peguei no balaio pra medir a farinha
E o branco com ciúme de uma tal branquinha

Então não bula na cumbuca
Não me espante o rato
Se o branco tem ciúme
Que dirá o mulato

Mas o batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Eu fui na cozinha pra tomar um café
E o malandro tá com olho na minha mulher
Mas comigo eu apelei pra desarmonia
E fomos direto pra delegacia

Seu comissário foi dizendo com altivez
É da casa de cômodos da tal Inês
Revistem os dois, botem no xadrez
Malandro comigo não tem vez

Mas o batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Mas seu comissário
Eu estou com a razão
Eu não moro na casa de arrumação
Eu fui apanhar meu violão
Que estava empenhado com Salomão

Eu pago a fiança com satisfação
Mas não me bota no xadrez
Com esse malandrão
Que faltou com respeito a um cidadão
Que é Paraíba do Norte, Maranhão

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé

Ô patrão
Ô patrão
Ô patrão, prenda seu gado
Na lavra tem um ditado
Quem mata gado é jurado
Missa de padra é latim
Rapaz solteiro é letrado
Em vim preso da Bahia
Só porque era namorado
Madame Diê, lalá

Samba ioiô, samba iaiá
Que o dia e vem, doná

Eu bem sei
Eu bem sei
Eu bem sei que fui culpado
De vir preso da Bahia
Só porque fui namorado
Vou tirar meu passaporte
Meu camarote de proa
Eu aqui não vou ficar
Vou-me embora pra Lisboa
Senhorita vai ver, doná

Samba ioiô, samba iaiá
Que o dia e vem, doná

Ô, Joana, ô Maria
Saruê pra que trabalha
No pescoço da cutia
No pavilhão, da atalaia
Era hoje, era ontem, era donte
Era donte, era ontem, era hoje
Sinhazinha mandou me chamá
Corri quatro cantos
Balão de iaiá

O Chefe da polícia
Pelo telefone manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta para se jogar

O Chefe da polícia
Pelo telefone manda me avisar
Que na carioca tem uma roleta para se jogar

Ai, ai, ai
Deixe as mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás
Ai, ai, ai
Deixe as mágoas pra trás, ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz e verás