Veja, sou aquela criatura Que você nem registrou Me criei de pé descalço Vim do morro pro asfalto Teu espelho seu doutor Meus sonhos se perderam na maternidade Me batizaram de problema social E foi na rua que aprendi minha verdade E a verdade é que ninguém nasce pro mal Sou invisível, nas esquinas e sinais Só queria ser amado, chamar você de pai Oh, seu moço, por favor, não me negue atenção Me respeite meu senhor, sou o dono desse chão Eu quero ter direito à liberdade Viver com dignidade, ter um teto pra morar Andar a qualquer hora por aí Sem bala perdida me encontrar Eu sei que a culpa é de todos nós Mas escute a minha voz Esse ainda é meu lugar Eu sou viola, sou cavaco e pandeiro O girar da baiana, o rei do terreiro A resistência dessa gente excluída Que esquece a tristeza Quando entra na avenida Uma escola de vida, escola de samba Onde toda criança aprende o amor Vai meu filho vai, voar pra onde for Menino beija-flor