Olha estes céus, oh anjos iluminados De corações sofrentes e magoados! E o teu candor na tela cérula a brilhar E o cantor de madrepérolas De versos consagrados! Com camafeus, opalas e turquesas E as ametistas que tu exalas no falar! Com o éter da saudade, eterno marmor do sofrer Um templo ideal, eu vou te erguer! Ah, teus pés terás a Hiperdúlia da poesia Ave Maria dos meus ais! Consagração do pranto Deste terno coração Virgíneo escrínio da ilusão! Oh, teus pés florei Com os meus extremos! Que são fluidos crisântemos Deste amor com que te amei! Mandei a minha dor a soluçar Num resplendor de diademar Do coração de essências lacrimosas Que eu marchetei de rimas dolorosas! Fiz um missal espiritual que adiamantei Filigranei com os alvos lírios Destas lágrimas saudosas! O teu altar num pedestal de mágoas Eu fiz d'águas do Jordão do meu penar! Tens uma grinalda em tua fronte constelei Das esmeraldas, que por ti, sonhei Versos passionais meigas violetas Borboletas das ideias Orquídeas dos meus ais! Voai, saudosos, primorosos Dolorosos beija-flores Dos tristores que Eu lhe fiz dos amargores! Doces hóstias multicores E um turíbulo de dores Cujo incenso é a inspiração! Com amor e pura santidade Guardo o culto da saudade No meu coração Eis o teu templo de auroras fulgores Que eu perfumei só com O ideal das flores! Arcanjos d'ouro tendo Às mãos ebúrneas liras E a teus pés cantando em coro Sobre um trono de safiras! Nos pedestais dos róseos alabastros Verás dois astros Tasso e Dante a soluçar! Sobre o teu altar e debruçado Em áurea cruz, meu coração Numa explosão de luz!