Já tudo dorme, vem a noite em meio A turva Lua vem surgindo além! Tudo é silêncio, só se vê nas campa Piar o mocho no cruel desdém Depois de um vulto de roupagem preta No cemitério com vagar, entrou! Junto ao sepulcro, se curvando a medo Com triste frases nesta voz falou Perdão, Emília, se manchei-te a vida Se fui impuro, fui cruel, ousado! Perdão, Emília, se manchei teus lábios Perdão, Emília, para um desgraçado! Monstro tirano, pra que vens agora Lembrar-me as mágoas que por ti passei? Lá nesse mundo em que vivi chorando Desde o instante em que te vi, amei! Chegou a hora de tomar vingança Mas, tu, ingrato, não terás perdão! Deus não perdoa as tuas culpas todas Castigo justo tu terás, então! Perdi as flores da capela virgem Cedi ao crime, que perdão não tinha! Mas, tu, manchaste a minha vida honesta Depois, zombaste da fraqueza minha! Ai, quantas vezes, aos meus pés curvados Davas-me prova de teu puro amor! Quando eu julgava que fosses um anjo Não via fundo nesse olhar traidor! Mas, vês agora que um corpo em terra Tombou de chofre, sobre a lousa fria! E quando a aurora despontou na lousa Um corpo inerte, a dormitar, se ouvia Perdão, Emília se manchei-te a vida Se fui impuro, fui cruel, ousado Perdão, Emília se perdei teus lábios Perdão, Emília para um desgraçado